Adoro gente, normal e diferente e tenho convicção de que gosto não se discute. Cada um tem os seus. Eu posso não gostar, mas preciso respeitar. Eu não sou básica como azulejo branco, ao contrário, adoro cor, óculos grandes, bolsas e paro por aqui porque corro o risco de ultrapassar o número de palavras que eu posso utilizar nesta crônica. Vou tentar explicar o que eu considero diferente e, provavelmente, não seja o mesmo para você. Diferente, também, podem ser nossas percepções sobre decotes, por exemplo. Para mim se mostrar apenas o colo é um decote normal, se não chegar a mostrar os mamilos é um decote ousado, depois disso já vira um topless. Cada um no seu lugar e na sua hora. Sensatez faz bem.
Voltando ao tema diferenças admiro e acho interessantíssimas as pessoas do mundo artístico: músicos, atores, circenses. Também sou chegada em homens engravatados e seus segredos, profissionais bem sucedidos sejam médicos, psicólogos, dentistas, professores, secretárias, engenheiros e aventureiros, esses que conseguem passar um ano em viagens mar afora, sempre a um passo do incerto. Adoro ouvir alguém cantar com a voz, com a alma, com os braços, com as mãos, com os cabelos, com o corpo todo. Adoro ouvir risadas altas, semblantes serenos, olhos verdadeiros. Adoro olhar para as pessoas e pensar que mil coisas podem estar acontecendo em suas vidas. Segredos reservados aos mais chegados.
O que faz um casal jantando em um restaurante? Fome, pura falta do que fazer, gostar da companhia um do outro, comemorar algo especial. Estão onde gostariam? E o que faz um sujeito sentado em cima da moto, olhando pro nada, na ponte desativada que liga Pelotas a Rio Grande, em pleno domingo, com um sol de derreter o asfalto? E um jovem dormindo no teto de um quiosque de sorvete no amanhecer de domingo?
Admiro, sobretudo, pessoas que sejam felizes, realizadas e que se banquem. Eu entendo por se bancar o basicão: manter-se de pé sozinho, com auto-estima e amor próprio, ganhar seu próprio dinheiro e ter uma choupana para se orgulhar. Alguns conseguem isso rapidamente, outros muito tarde e alguns nunca. Admiro os que freqüentam consultórios de psicoterapia em busca dos fios de suas meadas e desatam os nós da felicidade. E, ter tudo isso trás felicidade? Depende. Nenhuma felicidade é igual. "Mulheres Cheias de Graça, livro do Padre Fábio de Melo, tem um belo conto que tem uma frase que diz mais ou menos assim "Mamãe, há felicidades escondidas por toda a casa. Observe o prazo de validade para que não se percam!". Achei lindo. Em mim serviu como uma luva espero que em você também.
Andréa Muller
Jornalista