domingo, 1 de agosto de 2010

Fila no Planalto

Não sou chegada a discutir política, mas como mãe não posso deixar de opinar a respeito do que anunciou o nosso presidente Lula. Ele assinou na semana retrasada um projeto de lei de autoria do Poder Executivo do Brasil que virá a interferir diretamente na educação que nós pais temos o direito de exercer. Se aprovado for, os pais vão virar funcionários que devem cumprir as diretrizes impostas pelo governo. O próximo passo será criar um sindicato da categoria.

Já basta a inversão de valores que impera no ambiente escolar. A grande maioria das escolas não pode ter pulso firme, em nome de não sei o que, e releva que alunos se portem como filhinhos de papai, com direito a levantar a voz, falar palavrão, usar celular em plena sala de aula, desrespeitando o professor na maior cara de pau. Esses queridos alunos são fruto do quê? É bem provável que seja de pais que esqueceram seu papel, que negligenciaram o limite e que consideram mais fácil delegar a outros poderes o papel que é seu. Esse time deve estar aplaudindo esse projeto de lei. Esses mesmos pais, que não corrigem, também não aceitam que seus filhinhos sejam advertidos. Muitas vezes, quando são chamados a prestar contas sobre os atos cometidos por seus filhos, passam a mão por cima, acham que seus pimpolhos foram injustiçados e procuram outra instituição que aceite esses bons moços.

O que este inteligente projeto de lei vai conseguir? Exatamente reforçar esse universo de pais que adoram não ter responsabilidade e esses filhos que preferem ser criados pelo vento.

Vai ter fila no Planalto de filhos denunciando os próprios pais e esperando que os mesmos sejam punidos. Provavelmente, além do Sindicato também será criada a delegacia dos filhos, com pilhas de processos contra pais que deram palmadas, colocaram de castigo.

Se aprovado este projeto, não só os vizinhos, mas os próprios filhos terão carta branca para chamar as autoridades de plantão.

Não, eu não sou uma espancadora de filhos, muito pelo contrário, nas poucas vezes em que lancei mão de palmada, puxão de orelha e castigo, ou levantei a voz, doeu muito mais em mim. Eu acredito que para viver em família, regras mínimas de respeito, divisão de tarefas e satisfação devam ser cumpridas, senão vira a casa da mãe Joana.

Parece-me um enorme contra senso que pais irresponsáveis, que permitem filhos formando gangs do mau não sejam cobrados nem punidos, mas que esses mesmos pais sejam punidos se abrirem seus olhos e colocarem esses mesmos filhos de castigo. O Estado já tem muito com o que se preocupar, não precisa inventar mais nada.


 


 

Andréa Muller

Jornalista

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